Colocação Pronominal

Observe os exemplos abaixo:

Cumprimentou-o com carinho.

Ele nos mostrou o caminho certo.

Doar-se-ão de corpo e alma para o futuro da nação.

Denomina-se colocação pronominal o conjunto de regras referentes à colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, o, lhe, a, nos, vos, se, os, as, lhes) que funcionam como complemento.

1) Próclise: pronome antes do verbo. EX: João nos chamou para a festa.

2) Ênclise: pronome depois do verbo (ligado a ele por hífen, obrigatoriamente). EX: Levante-se daí.

3) Mesóclise: pronome no "meio" do verbo (destacado por hífen, obrigatoriamente). EX: "Dar-se-á nela tudo pelo bem das águas que tem".

1) Próclise - é de regra (obrigatória) com:

A. Palavras de sentido negativo.

“Ninguém me ama, ninguém me quer...”

B. Pronome indefinido.

Tudo me parece impossível

C. Pronome relativo.

Tudo quanto me disseste é falso.

D. Com certos advérbios.

Bem se vê que lá se vive melhor.

Obs.: se depois do advérbio vier vírgula, ocorre ênclise. EX:

Aqui se fala muito.

Aqui, fala-se muito.

E. Conjunções subordinadas.

“Quando meu bem-querer me vir, estou certo...”

Se você o encontrar, avise-o de que...

F. Gerúndio regido de preposição em.

Em se tratando de mulheres, prefiro as inteligentes.

G. Infinitivo flexionado regido de preposição.

E, por se amarem muito, uniram seus destinos.

Nota: é facultativa quando o infinitivo não flexionado estiver precedido de preposição ou palavra negativa. EX:

“Estou aqui para servir-te.”.(ou: para te servir)
Meu desejo era não o incomodar” (ou: não incomodá-lo).

Mas, se o infinitivo vier antecedido da preposição a, recomenda-se a ênclise. EX:

Estou inclinado a obedecer-lhe.

Comecei a compreendê-lo.

H. Nas orações optativas (aquelas que expressam desejo) de sujeito anteposto ao verbo.

Macacos me mordam.

I. Nas orações exclamativas.

“Quanto sangue se derramou inutilmente!”

J. Nas orações interrogativas.

Por que me abandonas?

2) Mesóclise - É de regra (obrigatória)

Com o futuro do presente e com o futuro do pretérito, desde que não ocorra condição para a próclise. EX:

“Dir-me-á o leitor que a beleza vive de si mesma!” (M.A.)

“Dar-me-iam água para lavar as mãos?” (G. Ramos)

3) Ênclise - É de regra (obrigatória):

A. Nas orações iniciadas por verbo.

Falava-me suavemene.

Disseram-me que você me ama.

B. Com verbo no gerúndio, sem partícula atrativa.

O velho criticava a juventude, dirigindo-se aos presentes.

Entendeu o segredo do tempo, olhando-se no espelho.

C. Com verbo no imperativo afirmativo.

Dê-me um copo d’água.

Faça-me um favor.

D. Com verbo no infinitivo, regido da preposição a.

Chegamos a abraçá-lo.

“Sabe-se ele se tornará a vê-los algum dia!” (José de Alencar)

E. Junto a infinitivo precedido de artigo.

O vender-se; o queixar-se.

F. Nas orações interrogativas, estando o verbo no infinitivo, embora antecedido de palavra ou locução que obrigue a próclise.

“Como alistar-me, se o governo não tem inimigos?”

Por que arrepender-me?

Como apanhá-lo?

Colocação pronominal nas locuções verbais

1) Auxiliar + infinitivo - há quatro possibilidades:

a) ênclise ao auxiliar.

O amigo precisou lhe confiar o segredo.

b) ênclice ao infinitivo.

O amigo precisou confiar-lhe o segredo.

c) próclise ao auxiliar.

O amigo lhe precisou confiar o segredo.

d) próclise ou ênclise ao infinitivo precedido de preposição.

O amigo não deixou de lhe confiar o segredo.

O amigo não deixou de confiar-lhe o segredo.

2. Auxiliar + Gerúndio - há três possibilidades:

a) próclise ao auxiliar.

O amigo lhe estava confiando o segredo.

b) ênclise ao auxiliar.

O amigo estava-lhe confiando o segredo.

c) ênclise ao gerúndio.

O amigo estava confiando-lhe o segredo.

3) Auxiliar + particípio - há duas possibilidades:

a) próclise ao auxiliar.

Os amigos se tinham despedido.

b) ênclise ao auxiliar.

Os Amigos tinham se despedido.

Notas

1) Com palavra ou locução atrativas, o pronome não pode ficar no meio da locução.

Não lhe quero falar ou Não quero falar-lhe.

2) A interposição do pronome átono nas locuções verbais, sem se ligar por hífen ao auxiliar, é sintaxe brasileira, que se consagrou na língua literária, a partir (ao que parece) do Romantismo.

“O morcego vem te chupar o sangue.” (Alencar)


“...estava se distanciando da outra.” (Taunay)

“Como teria se comportado aquela alma de passarinho diante do mistério da morte?” (Raquel de Queirós)

Adaptações

1..Os pronomes -o, -a, -os, -as, enclíticos, sofrem adaptações quando o verbo termina em -r, -s ou -z. Eles passam a ter as formas: -lo, -la, -los, -las (na linguagem formal).

Vou amá-la por toda minha vida. (informal: amar ela)

Tu ama-lo como a ti mesma. (informal: amas ele)

O jogo, fi-lo sozinho. (informal: fiz ele)

Obs. Com a expressão eis acontece a mesma coisa:

Ei-la aqui, radiante e bela!  (informal: eis ela)

2. Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando precedidos de verbos terminados em -m, -ão, -õe, assumem a forma -no, - na, -nos, -nas (na linguagem formal).

Entregaram-no ao professor. (informal: entregaram ele)

O assunto, dão-no por encerrado. (informal: dão ele)

P.S: a linguagem informal deve ser evitada em redações de concursos públicos e em ocasiões formais (palestras, discursos, entrevistas etc.)