Formação de Palavras

    O primeiro passo para entendermos os processos de formação de palavras é percebermos que em português há:

· Palavras primitivas – aquelas que não provêm de outra palavra. Ex: casa, pedra, flor.

·  Palavras derivadas – aquelas que provêm de outra palavra. Ex: casebre, pedreiro, florzinha.

·  Palavras simples – aquelas que apresentam um só radical. Ex: azeite, açougue, cavalo.

·  Palavras compostas – aquelas que apresentam mais de um radical. Ex: couve-flor, passatempo, planalto.

Principais processos de formação de palavras:

Composição


Haverá composição quando se juntarem dois ou mais radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de composição:

1) Justaposição – os radicais se juntam sem que haja alteração fonética. Ex: couve-flor, salário-família, passatempo, girassol.

 2) Aglutinação – na junção dos radicais ocorre alteração fonética. Ex: aguardente, planalto, fidalgo.

Derivação por acréscimo de afixos


É o processo pelo qual se obtém palavras novas por acréscimo de afixos à palavra primitiva. A derivação pode ser:

1)  prefixal (ou prefixação) – a palavra nova é obtida por acréscimo de prefixo (afixo antes do radical da palavra primitiva). Ex: infeliz, desleal.

2)  sufixal (ou sufixação) – a palavra nova é obtida pelo acréscimo de sufixo (afixo depois do radical da palavra primitiva). Ex: felizmente, lealdade.

3)  prefixal e sufixal – acréscimo de prefixo e sufixo à palavra primitiva (um de cada vez). Ex: deslealdade, infelizmente.

4) parassintética  (ou parassíntese) – a palavra nova é obtida por acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese, formam-se principalmente verbos. Ex: entristecer, entardecer. 

Outros tipos de derivação


1) Derivação regressiva – nesse caso, a palavra nova é obtida por redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação de substantivos abstratos derivados de verbos (substantivos deverbais). Ex:

PRIMITIVA

DERIVADA

CAÇAR

CAÇA

COMBATER

COMBATE

CASTIGAR

CASTIGO

PESCAR

PESCA

obs: troca-se a terminação verbal por uma vogal temática nominal. 

2) Derivação imprópria (ou conversão) – a palavra nova é obtida pela mudança de
categoria gramatical da palavra primitiva. Não ocorre, pois, mudança na forma.

Observe os seguintes exemplos:
o jantar (substantivo) deriva de jantar (verbo)
a Terra (substantivo próprio) deriva de terra (substantivo comum)
obs: podemos converter qualquer classe gramatical a substantivo através do artigo ou do pronome adjetivo. 
3) Onomatopeia –  a palavra fomada através da reprodução de sons ou ruídos. Ex: tique-taque, tam-tam, bem-te-vi.

4) Abreviação – consiste na redução da palavra até o limite que não prejudique a compreensão. Ex: moto, foto, pneu, melô.
 
5) Hibridismo – ocorre, quando, na formação da palavra, entram elementos de origens diferentes. É o que ocorre por exemplo em:

Automóvel (auto: grego; móvel: latim)

Sociologia (socio: latim; logia: grego)

Burocracia (buro: francês; cracia: grego)

Sambódromo (samba: africano; dromo: grego)

Importante: a rigor, hibridismo não é um processo de formação de palavras. Podemos ter
exemplos de composição e derivação híbridas, bem como de composição erudita
(quando os dois radicais apresentam a mesma origem)

Exercícios


1 – A palavra resgate é formada por derivação:

(a)      prefixal

(b)     sufixal

(c)      regressiva

(d)     parassintética

(e)      imprópria


2 – “Vou-me embora pra Pasárgada.” Embora (em+ boa+ hora): processo de formação
de palavras a que chamamos:

(a)      derivação prefixal

(b)     derivação sufixal

(c)      derivação prefixal e sufixal

(d)     composição por justaposição

(e)      composição por aglutinação


3) O item em que a palavra não está corretamente classificada quanto ao seu processo
 de formação é:

(a)      ataque – derivação regressiva

(b)     fornalha – derivação por sufixação

(c)      acorrentar – derivação parassintética

(d)     antebraço – derivação prefixal

(e)      casebre – derivação imprópria


4) Quanto à formação de palavras, aponte o exemplo que não corresponde à afirmação:

(a)      infeliz – derivação prefixal

(b)     inutilmente – derivação prefixal e sufixal

(c)      couve-flor – composição por justaposição

(d)     planalto – composição por aglutinação

(e)      semideus – composição por aglutinação


5) Numere as palavras da esquerda de acordo com o processo de formação sugerido
na coluna da direita.

(  ) passatempo        1. sufixação

(  ) pontiagudo         2. prefixação

(  ) sapateiro            3. justaposição

(  ) descriminar        4. aglutinação

(  ) desleal                5. parassíntese
 

6) Indique a opção em que a palavra destacada resulta de derivação imprópria.

(a)      Às sete horas da manhã começou o trabalho principal: a votação.

(b)     Pereirinha estava mesmo com a razão. Sigilo... Voto secreto... Bobagens,
 bobagens.

(c)      Sem radical reforma da lei eleitoral, as eleições continuariam sendo uma farsa.

(d)     Não chegaram a trocar um isto de prosa, e se entenderam.

(e)      Dr. Osmírio andaria desorientado, senão bufando de raiva.
Crase (uso do acento grave)

Crase é a fusão da preposição A com o artigo feminino A. Representa-se graficamente a crase pelo acento grave.

Fomos à piscina (à = artigo + preposição)

Ocorrerá a crase sempre que houver um termo que exija a preposição a (regência) e outro substantivo feminino (claro ou elíptico) que aceite o artigo a.

Para termos certeza da ocorrência de CRASE, basta seguir três passos:


1º) Substituir a palavra feminina por uma masculina correspondente. Se aparecer ao ou aos diante de palavras masculinas, deveremos usar o acento grave. Ex:

Temos amor à arte. (Temos amor ao estudo)
Respondi às perguntas. (Respondi aos questionamentos)

2º) Substituir  por para a. Ex:

Contarei uma estória à criança. (Contarei uma estória para a criança)
Fui à Holanda (Fui para a Holanda)

3º) Em nomes de lugar, substituir o verbo "ir" pelo verbo "voltar". Se aparecer a expressão "voltar da", é porque ocorre a crase (uma vez que o artigo é obrigatório). Ex:

Iremos à Bahia (Voltaremos da Bahia)
Vou à Gávea. (Volto da Gávea)

DICA: se "vou à" e "volto da", vamos "crasear". Se "vou a" e "volto de", crase para quê?

Vou a Copacabana. (Volto de Copacabana)
Vou à Cinelândia (Volto da Cinelândia)

Não ocorre a Crase

1) antes de verbo
Voltamos a contemplar a lua.

2) antes de palavras masculinas
Gosto muito de andar a pé.
Passeamos
a cavalo.

3) antes de pronomes de tratamento, exceção feita a senhora, senhorita e dona:
Dirigiu-se a V.Sa. com aspereza
Dirigiu-se
à Sra. com aspereza.

4) antes de pronomes em geral, exceção feita a outra:
Não vou a qualquer parte.
Fiz alusão
a esta aluna.
Referiu-se à outra mulher (ao outro homem).

5) em expressões formadas por palavras repetidas:
Ficamos frente a frente
Estamos cara a cara.


6) quando o "a" vem antes de uma palavra no plural:
Não falo a pessoas estranhas.
Restrição ao crédito causa o temor
a empresários.

Crase facultativa

1) Antes de nome próprio feminino:
Refiro-me a (ou à) Julinana.

2) Antes de pronome possessivo feminino:
Dirija-se a (ou à) sua fazenda.

3) Depois da preposição até:
Dirija-se até a (ou à) porta.

Casos particulares

1º) Casa
Quando a palavra casa é empregada no sentido de moradia e não vem determinada por nenhum adjunto adnominal, não ocorre a crase. Ex:

Regressaram a casa para almoçar
Regressaram à casa de seus pais


2º) Terra
Quando a palavra terra for utilizada para designar chão firme (ou o contrário de a bordo), não ocorre crase. Ex:


Os tripulantes desceram a terra após dias de viagem. (os tripulantes subiram a bordo)

Regressaram a terra depois de muitos dias.
Regressaram à terra natal.


3º)Distância
Quando a palavra distância não vier determinada, não ocorre crase. Ex: 
Ensino a distância.
Estudo à distância de cem metros da minha casa.



4º) Pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aqueles, aquilo.
Se o termo regente pedir a preposição a, vai ocorrer a crase com a primeira letra desses demonstrativos. Ex:

Obedecia àquelas regras.
Referia-se àquilo a que todos temiam.


4º) Pronome Relativo:  de regra, só com a forma "a qual" combinando-se com a preposição a. Exceção quando houver um substantivo elíptico, pode-se entender que a preposição a se combina com o demonstrativo a (=aquela). Ex:

Esta é a nação à qual me refiro. (Este é o país ao qual me refiro.)
Estas são as finalidades
às quais se destina o projeto. (Estes são os objetivos aos quais se destino o projeto.)
Houve um sugestão anterior
à que você deu. (Houve um palpite anterior ao (palpite) que você me deu.)

Atente para:
Esta é a nação a que me refiro. (Este é o país a que me refiro.) - SEM ACENTO GRAVE -


Ocorre a crase também

1) Na indicação do número de horas exatas:
Chegamos às nove horas.

2) Na expressão à moda de, mesmo que a palavra moda venha subentendida:
Usam sapatos à Luís XV. (à moda de Luís XV)
Comi um bife à Osvaldo Aranha. (à moda de Osvaldo Aranha)

OBS: moda só pode estar associada a pessoas ou regiões. Sendo assim:

Bife a cavalo.
Frang a passarinho.


3) Nas expressões adverbiais femininas, exceto às de instrumento:
Chegou à tarde (tempo).
Falou
à vontade (modo).
Escreveu a caneta (instrumento) 


4) Nas locuções conjuntivas e prepositivas; à medida que, à força de...
À proporção que estudávamos, obtinhamos mais chance de sucesso.

Lembre-se de que:
- indica tempo passado.
Moramos aqui seis anos (faz seis anos)


A - indica tempo futuro e distância.
Daqui a dois meses, estarei em forma.
Moro
a três quarteirões da escola.
Observe os exemplos abaixo:

Cumprimentou-o com carinho.

Ele nos mostrou o caminho certo.

Doar-se-ão de corpo e alma para o futuro da nação.

Denomina-se colocação pronominal o conjunto de regras referentes à colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, o, lhe, a, nos, vos, se, os, as, lhes) que funcionam como complemento.

1) Próclise: pronome antes do verbo. EX: João nos chamou para a festa.

2) Ênclise: pronome depois do verbo (ligado a ele por hífen, obrigatoriamente). EX: Levante-se daí.

3) Mesóclise: pronome no "meio" do verbo (destacado por hífen, obrigatoriamente). EX: "Dar-se-á nela tudo pelo bem das águas que tem".

1) Próclise - é de regra (obrigatória) com:

A. Palavras de sentido negativo.

“Ninguém me ama, ninguém me quer...”

B. Pronome indefinido.

Tudo me parece impossível

C. Pronome relativo.

Tudo quanto me disseste é falso.

D. Com certos advérbios.

Bem se vê que lá se vive melhor.

Obs.: se depois do advérbio vier vírgula, ocorre ênclise. EX:

Aqui se fala muito.

Aqui, fala-se muito.

E. Conjunções subordinadas.

“Quando meu bem-querer me vir, estou certo...”

Se você o encontrar, avise-o de que...

F. Gerúndio regido de preposição em.

Em se tratando de mulheres, prefiro as inteligentes.

G. Infinitivo flexionado regido de preposição.

E, por se amarem muito, uniram seus destinos.

Nota: é facultativa quando o infinitivo não flexionado estiver precedido de preposição ou palavra negativa. EX:

“Estou aqui para servir-te.”.(ou: para te servir)
Meu desejo era não o incomodar” (ou: não incomodá-lo).

Mas, se o infinitivo vier antecedido da preposição a, recomenda-se a ênclise. EX:

Estou inclinado a obedecer-lhe.

Comecei a compreendê-lo.

H. Nas orações optativas (aquelas que expressam desejo) de sujeito anteposto ao verbo.

Macacos me mordam.

I. Nas orações exclamativas.

“Quanto sangue se derramou inutilmente!”

J. Nas orações interrogativas.

Por que me abandonas?

2) Mesóclise - É de regra (obrigatória)

Com o futuro do presente e com o futuro do pretérito, desde que não ocorra condição para a próclise. EX:

“Dir-me-á o leitor que a beleza vive de si mesma!” (M.A.)

“Dar-me-iam água para lavar as mãos?” (G. Ramos)

3) Ênclise - É de regra (obrigatória):

A. Nas orações iniciadas por verbo.

Falava-me suavemene.

Disseram-me que você me ama.

B. Com verbo no gerúndio, sem partícula atrativa.

O velho criticava a juventude, dirigindo-se aos presentes.

Entendeu o segredo do tempo, olhando-se no espelho.

C. Com verbo no imperativo afirmativo.

Dê-me um copo d’água.

Faça-me um favor.

D. Com verbo no infinitivo, regido da preposição a.

Chegamos a abraçá-lo.

“Sabe-se ele se tornará a vê-los algum dia!” (José de Alencar)

E. Junto a infinitivo precedido de artigo.

O vender-se; o queixar-se.

F. Nas orações interrogativas, estando o verbo no infinitivo, embora antecedido de palavra ou locução que obrigue a próclise.

“Como alistar-me, se o governo não tem inimigos?”

Por que arrepender-me?

Como apanhá-lo?

Colocação pronominal nas locuções verbais

1) Auxiliar + infinitivo - há quatro possibilidades:

a) ênclise ao auxiliar.

O amigo precisou lhe confiar o segredo.

b) ênclice ao infinitivo.

O amigo precisou confiar-lhe o segredo.

c) próclise ao auxiliar.

O amigo lhe precisou confiar o segredo.

d) próclise ou ênclise ao infinitivo precedido de preposição.

O amigo não deixou de lhe confiar o segredo.

O amigo não deixou de confiar-lhe o segredo.

2. Auxiliar + Gerúndio - há três possibilidades:

a) próclise ao auxiliar.

O amigo lhe estava confiando o segredo.

b) ênclise ao auxiliar.

O amigo estava-lhe confiando o segredo.

c) ênclise ao gerúndio.

O amigo estava confiando-lhe o segredo.

3) Auxiliar + particípio - há duas possibilidades:

a) próclise ao auxiliar.

Os amigos se tinham despedido.

b) ênclise ao auxiliar.

Os Amigos tinham se despedido.

Notas

1) Com palavra ou locução atrativas, o pronome não pode ficar no meio da locução.

Não lhe quero falar ou Não quero falar-lhe.

2) A interposição do pronome átono nas locuções verbais, sem se ligar por hífen ao auxiliar, é sintaxe brasileira, que se consagrou na língua literária, a partir (ao que parece) do Romantismo.

“O morcego vem te chupar o sangue.” (Alencar)


“...estava se distanciando da outra.” (Taunay)

“Como teria se comportado aquela alma de passarinho diante do mistério da morte?” (Raquel de Queirós)

Adaptações

1..Os pronomes -o, -a, -os, -as, enclíticos, sofrem adaptações quando o verbo termina em -r, -s ou -z. Eles passam a ter as formas: -lo, -la, -los, -las (na linguagem formal).

Vou amá-la por toda minha vida. (informal: amar ela)

Tu ama-lo como a ti mesma. (informal: amas ele)

O jogo, fi-lo sozinho. (informal: fiz ele)

Obs. Com a expressão eis acontece a mesma coisa:

Ei-la aqui, radiante e bela!  (informal: eis ela)

2. Os pronomes oblíquos o, a, os, as, quando precedidos de verbos terminados em -m, -ão, -õe, assumem a forma -no, - na, -nos, -nas (na linguagem formal).

Entregaram-no ao professor. (informal: entregaram ele)

O assunto, dão-no por encerrado. (informal: dão ele)

P.S: a linguagem informal deve ser evitada em redações de concursos públicos e em ocasiões formais (palestras, discursos, entrevistas etc.)
Regra Básica de Concordância Nominal:

O adjetivo, numeral ou pronome concordam com o substantivo em gênero e número. EX:

Menina bonita.
Criatura estranha.
Duas casas.
Minha mãe.

Casos especiais de concordância nominal

1° caso: Substantivo + Substantivo... + Adjetivo:

Quando o adjetivo posposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o último ou vai facultativamente:

• para o plural, no masculino, se pelo menos um deles for masculino;

• para o plural, no feminino, se todos eles estiverem no feminino.

Exemplos:

Ternura e amor humano.


Amor e ternura humana.


Ternura e amor humanos.


Carne ou peixe cru.


Peixe ou carne crua.


Carne ou peixe crus.

2º caso: Adjetivo + Substantivo + Substantivo + ...

Quando o adjetivo anteposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o mais próximo.

Exemplos:

Mau lugar e hora.


hora e lugar.

3º caso: Substantivo + Adjetivo + Adjetivo + ...

Quando dois ou mais adjetivos se referem a um substantivo, este vai para o singular ou plural.

Exemplos:

Estudo as línguas inglesa e portuguesa.

Estudo a língua inglesa e (a) portuguesa.


Os poderes temporal e espiritual.


O poder temporal e (o) espiritual.

4º caso: Ordinal + Ordinal + ... + Substantivo

Quando dois ou mais ordinais vêm antes de um substantivo, determinando-o, este concorda com o mais próximo ou vai para o plural.

Exemplos:

A primeira e segunda lição.


A primeira e segunda lições.

5º caso: Substantivo + Ordinal + Ordinal + ...

Quando dois ou mais ordinais vêm depois de um substantivo, determinando-o, este vai para o plural.

Exemplo:

As cláusulas terceira, quarta e quinta.

6º caso: Um e outro / Nem um nem outro + Substantivo

Quando as expressões "um e outro", "nem um nem outro" são seguidas de um substantivo, este permanece no singular.

Exemplos:

Um e outro aspecto.


Nem um nem outro argumento.


De um e outro lado.

7º caso: Um e outro + Substantivo + Adjetivo:

Quando um substantivo e um adjetivo vêm depois da expressão "um e outro", o substantivo vai para o singular e o adjetivo para o plural.

Exemplos:

Um e outro aspecto obscuros.


Uma e outra causa juntas.

8º caso: "O (a) mais ... possível" - "Os (as) mais ... possíveis" - "O (a) pior ... possível" - "Os (as) piores ..." - "O (a) melhor ... possível" - "Os (as) melhores ... possíveis"

A) O adjetivo "possível", nas expressões "o mais ...", "o pior ...", "o melhor ..." permanece no singular.

B) Com as expressões "os mais ...", "os piores ...", "os melhores ...", vai para o plural.


Exemplos:

Os dois autores defendem a melhor doutrina possível.


Estas frutas são as mais saborosas possíveis.


Eles foram os mais insolentes possíveis.


Comprei poucos livros, mas são os melhores possíveis.

9º caso: Particípio + Substantivo:

O particípio concorda com o substantivo a que se refere.

Exemplos:

Feitas as contas ...


Vistas as condições ...


Restabelecidas as amizades ...


Postas as cartas na mesa ...


Salvas as crianças ...

Observação: "Salvo", "posto" e "visto" assumem também papel de conectivos, sendo, por isso, invariáveis:

Salvo honrosas exceções:

Posto ser tarde, irei.


Visto ser longe, não irei.

10º caso: Anexo / bastante / incluso / leso / mesmo / próprio + Substantivo

Essas palavras concordam com o substantivo a que se referem.

Exemplos:

Vão anexas as cópias.


Recebi bastantes flores.


Vão inclusos os documentos.


Cometeu um crime de lesa-pátria.


Cometeu um crime de leso-patriotismo.


Ele mesmo falou aquilo.


Ela mesma falou aquilo.


Elas próprias falaram aquilo.

11º caso: Meio (= metade) + Substantivo

O adjetivo "meio" concorda com o substantivo a que se refere.

Exemplos:

Meias medidas (metade).


Meio litro.


Meia garrafa (metade).

12º caso: Meio (= um tanto) + Adjetivo

O advérbio "meio", que se refere a um adjetivo, permanece invariável.

Exemplos:

Ela parecia meio encabulada.


Janela meio aberta.

OBS: Em "meio-dia e meia", "meia" concorda com a palavra "hora", oculta na expressão "meio-dia e meia (hora)". Essa é a construção recomendada pela maioria dos manuais de cultura idiomática.

Outra observação: A palavra "meio" funciona como elemento de justaposição em "meias-luas", "meios-termos", "meios-tons", "meia-idade", etc.

13º caso: Verbo transobjetivo + predicativo do objeto + objeto + objeto ... Verbo transobjetivo + objeto + objeto ... + predicativo do objeto

OBS: Verbo transobjetivo é o verbo que pede, além de um complemento-objeto, uma qualificação para esse complemento (= predicativo do objeto).

Nesse caso, o predicativo concorda com o(s) objeto(s).


Verbo transobjetivo + predicativo do objeto + objeto + objeto ...

Achei inocentes a irmã e o irmão

Verbo transobjetivo + objeto + objeto ... + predicativo

Considerei o pai e o filho simpáticos

14º caso: Casa, página (+ número) + numeral

Na enumeração de casas e páginas, o numeral concorda com a palavra oculta "número".

Exemplos:

Casa dois.


Página dois.

15º caso:  Substantivo + é bom / é preciso / é proibido

Em construções desse tipo, quando o substantivo não está determindado, as expressões "é bom", "é preciso", "é proibido" permanecem no singular.

Exemplos:

Maçã é bom para a saúde.


É preciso cautela.


É proibido entrada.

Observação: Quando há determinação do sujeito, a concordância efetua-se normalmente:

É proibida a entrada de menores.

16º caso: Pronome de tratamento (referindo-se a uma pessoa de sexo masculino) + verbo de ligação + adjetivo masculino

Quando um adjetivo modifica um pronome de tratamento que se refere a pessoa do sexo masculino, vai para o masculino.

Exemplos:

Sua Santidade está esperançoso.


Referindo-se ao Governador, disse que Sua Excelência era generoso.
Regra Geral de Concordância:

O verbo sempre concordará com seu sujeito em número e pessoa.

Ex: Os alunos saíram da sala.

O verbo concordará com o sujeito, mesmo que este venha fora de ordem.

Ex: Restaram daquela remessa quarenta blocos.

Sujeito Composto

Quando o sujeito é composto, o verbo vai para o plural.

Ex: O técnico e os jogadores chegaram.

Chegaram o técnico e os jogadores.

1)  Se o sujeito composto vier depois do verbo, admite-se a concordância com o núcleo mais próximo.

Ex: Dos móveis da casa restou apenas uma cadeira e uma cômoda.

2) Sujeito composto resumido por um indefinido:

O verbo concordará obrigatoriamente com o pronome indefinido.

Ex: Teatro, cinema, esporte, nada lhe interessava.

Atletas, dirigentes, técnicos, todos concordavam com a nova tabela do campeonato.

3) Sujeito composto formado por pessoas diferentes:

O verbo concordará, no plural, com a pessoa de número gramatical mais baixo na seqüência.

Ex: Eu, tu e ele saímos.

Tu e o aluno saístes.

OBS: em virtude do desuso do pronome de tratamento vós, tem-se preferido a concordância na terceira pessoa do plural.

Ex: Tu e ele participaram da competição.

4) Sujeito composto, com núcleos do sujeito ligados por ou:

Se a conjunção tiver valor exclusivo, o verbo ficará no singular. Se não tiver valor exclusivo, o verbo irá para o plural.

Ex: Pedro ou Paulo casará com Luciana.

Natal ou Maceió são excelentes locais para as férias de verão.

5) Sujeito composto com núcleos ligados por com:

O verbo irá para o plural.

Ex: O professor com os alunos organizaram a excursão.

OBS: Caso se queira dar maior importância ao primeiro elemento do sujeito composto, admite-se a concordância com o verbo no singular.

Ex: O presidente com seus auxiliares desembarcou na base aérea.

O sujeito é um pronome de tratamento

O verbo permanecerá sempre na terceira pessoa.

Ex: Vossa Majestade conhece bem os seus ministros

Vossas Excelências não aprovaram a ementa.

O sujeito é um coletivo

O verbo ficará no singular.

Ex: Uma quadrilha assaltou o banco.

Importante: Se o coletivo vier especificado, o verbo poderá aparecer no singular (conforme a regra) ou ir para o plural.

Ex: Uma quadrilha de ladrões assaltou (ou assaltaram) o banco.

OBS: Tal observação também se aplica quando o sujeito é uma expressão partitiva (parte de, metade de, etc.)

Ex: Parte dos alunos faltou (ou faltaram).

O sujeito é o pronome relativo que

O verbo concordará com o antecedente do pronome relativo.

Ex: Fui eu que resolvi o problema.

Com a expressões um dos que, uma das que:

O verbo pode ficar no singular ou no plural.

Ex: Ele foi um dos que ganhou medalhas.

Ele foi um dos que ganharam medalhas.

O sujeito é o pronome relativo quem

O verbo permanece na terceira pessoa do singular ou concorda com o termo antecedente.

Ex: Fomos nós quem escreveu as cartas.

Fomos nós quem escrevemos as cartas.

Concordância de nomes que só aparecem no plural

Se o nome não vier precedido de artigo, o verbo ficará no singular. Caso venha precedido de artigo, o verbo acompanhará o artigo.

Ex: Alagoas possui lindas praias.

As Alagoas possuem lindas praias.

Concordância das expressões mais de um/ mais de dois

O verbo concordará com o numeral que acompanha essas expressões.

Ex: Mais de um jogador foi expulso.

Mais de dois atletas ganharam o prêmio.

Importante: há, no entanto, dois casos em que a expressão mais de um exige verbo no plural:

1) Quando a expressão mais de um vier repetida.

Ex: Mais de um aluno, mais de um professor faltaram.

2) Quando o verbo indicar reciprocidade.

Ex: Mais de um atleta agrediram-se.

Sujeito formado pelas expressões alguns de vós/ poucos de vós/ quais de nós, e etc.

A concordância tanto poderá ser feita com o indefinido no plural, quanto com o pronome pessoal.

Ex: Alguns de nós saíram.

Alguns de nós saímos.

Obs: Algum de nós saiu (no singular o pronome indefinido, no singular o verbo).

Concordância dos verbos dar/ bater/ soar

Observe:

1) O relógio da igreja deu uma hora (sujeito: o relógio).

2) Deram três horas no relógio da igreja (sujeito: três horas).

Concordância dos verbos haver e fazer impessoais

Observe:

Havia muitas pessoas interessadas na vaga (haver significando existir).


Devia haver muitas pessoas interessadas na vaga.


Faz dois meses que ela mudou (fazer indicando tempo).


Vai fazer dois meses que ela mudou.

Concordância do verbo ser

1) O verbo ser concorda com o predicativo quando seu sujeito for um dos pronomes interrogativos que ou quem.

Ex: Que são estrelas?

Quem foram os culpados.

2) O verbo ser concorda com o predicativo quando estiver indicando tempo, data ou distância.

Ex: É uma hora.

São setenta quilômetros.

São duas horas e trinta minutos.

3) Quando houver pronome pessoal reto, o verbo ser concordará obrigatoriamente com ele.

Ex: Os responsáveis somos nós.

O culpado és tu. Tu és o culpado.

4) Quando o sujeito do verbo ser for um dos pronomes tudo, isso, isto, aquilo, o, a concordância deverá ser feita de preferência com o predicativo.

Ex: Tudo são flores.

Aquilo eram sintomas de doença grave.

O que nos preocupava eram as atitudes daquele rapaz.

OBS: havendo dois substantivos comuns de números diferentes, o verbo ser concordará de preferência com aquele que estiver no plural.

Ex: O mundo são ilusões perdidas.

A vida são esses momentos alegres.

Observe:

A) Paula era as esperanças do time.


B) As esperanças do time era Paula.

Exercícios

1) Nos exercícios a seguir, faça a concordância escolhendo uma forma verbal adequada:

a) ... , naquele dia, cinco pessoas. (faltou/ faltaram)

b) ... , ainda, algumas vagas. (resta, restam)

c) ... , o presidente e o ministro. (falou/ falaram)

d) O presidente e o ministro ... (falou/ falaram)

e) Jogadores, técnicos, dirigentes, ninguém ... do regulamento da competição. (reclamou/ reclamaram)

f) Alunos, professores, diretores, todos ... que queriam ir à festa. (anunciou, anunciaram)

g) Ele, tu e eu ... sair. (resolvemos/ resolveram)

h) Tu e teus amigos ... à reunião. (compareceram/ comparecestes)

i) Vossa Excelência ... o motivo de minha demissão. (sabe/ sabeis)

j) Uma multidão ... na frente do teatro. (protestava/ protestavam)

k) Uma multidão de desempregados ... na frente do teatro. (protestava/ protestavam)

l) Grande parte doa alunos ... à aula. (faltou/ faltaram)

m) Fomos nós quem ... o aumento de salário. (reivindicamos/ reivindicou)

n) Fomos nós que ... o problema. (resolvemos/ resolveu)

o) Os Estados Unidos ... poderoso reforço. (enviou/ enviaram)

p) ... fotografias na hora. (revela-se/ revelam-se)

q) ... de pessoas experientes. (necessita-se/ necessitam-se)

r) ... fazer três meses que ela não aparece. (vai/ vão)

s) Paris ou Munique ... a sede da nova assembléia. (será/ serão)

t) ... existir pessoas que não sabem o resultado. (pode/ podem)

u) ... haver mais razões para sua saída. (pode/ podem)